"2007 foi um bom ano para o cinema de língua alemã. O ‘Oscar’ para ‘A Vida dos Outros’ de Florian von Donersmarck, atribuído em finais de Fevereiro, lançou novamente um foco de luz sobre a produção cinematográfica alemã. Depois de ‘Algures em África’, de Caroline Link, foi a segunda vez, em apenas cinco anos, que um filme alemão alcançou o desejado troféu.
A um nível internacional, a Alemanha como Nação do cinema apresenta-se hoje com um brilho quase comparável àquele que atingiu há um quarto de século, nos grandes tempos de Rainer Fassbinder, Wim Wenders, Werner Herzog e Volker Schlöndorff.
Durante da atribuição dos ‘Filmpreise’, prémios para o cinema alemão, concedidos anualmente em Maio, o filme ‘Vier Minuten’, de Chris Kraus, foi galardoado pelo júri com o prémio para o melhor filme: uma peça de câmara musical e psicológica, que se desenrola entre os muros de uma prisão, e que vive sobretudo das extraordinárias interpretações das duas actrizes principais, Mónica Bleibtreu e Hannah Herzsprung.
Para a crítica cinematográfica, pelo contrário, quem mereceu vencer foi o realizador berlinense Christian Petzold com o seu thriller místico e fantástico ‘Yella’, vencedor de um 'Urso de Prata' na 'Berlinale 2007' para o desempenho de Nina Hoss no papel principal. ‘Yella’ (impossível de integrar no festival, mas cuja estreia pela Medeia Filmes se espera para breve) é mais uma prova para a mestria formal e de encenação que Christian Petzold já tinha evidenciado nos seus filmes ‘Wolfsburg’ (2003) e ‘Gespenster’ (2005).
O filme de Christian Petzold (que estará presente na 'Kino Lisboa 2008') é também um exemplo para a crescente influência da ‘Nova Escola de Berlim’, um grupo de realizadores do qual fazem parte Ulrich Köhler (‘Bungalow’), Henner Winckler (‘Klassenfahrt’), Benjamin Heisenberg (‘Schläfer’), Thomas Arslan (‘Ferien’), Ângela Schanelec (‘Nachmittag’ e ‘Marseille’) e Valeska Griesebach (‘Sehnsucht’). Todos estes realizadores se caracterizam por uma elevada consciência formal, aliada à renúncia das tradicionais formas narrativas. O olhar insólito sobre a realidade alemã é para eles mais importante do que o cumprimento dos padrões vigentes."
Andreas Kilb Jornalista do 'Frankfurter Allgemeine Zeitung'
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CINEMA DE EXPRESSÃO ALEMÃ
"2007 foi um bom ano para o cinema de língua alemã. O ‘Oscar’ para ‘A Vida dos Outros’ de Florian von Donersmarck, atribuído em finais de Fevereiro, lançou novamente um foco de luz sobre a produção cinematográfica alemã. Depois de ‘Algures em África’, de Caroline Link, foi a segunda vez, em apenas cinco anos, que um filme alemão alcançou o desejado troféu.
A um nível internacional, a Alemanha como Nação do cinema apresenta-se hoje com um brilho quase comparável àquele que atingiu há um quarto de século, nos grandes tempos de Rainer Fassbinder, Wim Wenders, Werner Herzog e Volker Schlöndorff.
Durante da atribuição dos ‘Filmpreise’, prémios para o cinema alemão, concedidos anualmente em Maio, o filme ‘Vier Minuten’, de Chris Kraus, foi galardoado pelo júri com o prémio para o melhor filme: uma peça de câmara musical e psicológica, que se desenrola entre os muros de uma prisão, e que vive sobretudo das extraordinárias interpretações das duas actrizes principais, Mónica Bleibtreu e Hannah Herzsprung.
Para a crítica cinematográfica, pelo contrário, quem mereceu vencer foi o realizador berlinense Christian Petzold com o seu thriller místico e fantástico ‘Yella’, vencedor de um 'Urso de Prata' na 'Berlinale 2007' para o desempenho de Nina Hoss no papel principal. ‘Yella’ (impossível de integrar no festival, mas cuja estreia pela Medeia Filmes se espera para breve) é mais uma prova para a mestria formal e de encenação que Christian Petzold já tinha evidenciado nos seus filmes ‘Wolfsburg’ (2003) e ‘Gespenster’ (2005).
O filme de Christian Petzold (que estará presente na 'Kino Lisboa 2008') é também um exemplo para a crescente influência da ‘Nova Escola de Berlim’, um grupo de realizadores do qual fazem parte Ulrich Köhler (‘Bungalow’), Henner Winckler (‘Klassenfahrt’), Benjamin Heisenberg (‘Schläfer’), Thomas Arslan (‘Ferien’), Ângela Schanelec (‘Nachmittag’ e ‘Marseille’) e Valeska Griesebach (‘Sehnsucht’). Todos estes realizadores se caracterizam por uma elevada consciência formal, aliada à renúncia das tradicionais formas narrativas. O olhar insólito sobre a realidade alemã é para eles mais importante do que o cumprimento dos padrões vigentes."
Andreas Kilb
Jornalista do 'Frankfurter Allgemeine Zeitung'
CR
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