10.2.09

SARAU
Gavin Russom (DFA)
Aquaparque (apresentação do disco 'É Isso Aí').

Quinta, 12 de Fevereiro às 22h00 no MNAC - Museu do Chiado



‘RENCONTRE AVAF’ Gavin Russom @ Super (Paris)


Aquaparque

2 comentários:

Carlos Reis disse...

SARAU

Programação Filho Único

Concertos
Gavin Russom (DFA) + Aquaparque (Lançamento do disco ‘É Isso Aí’)

Quinta, 12 de Fevereiro às 22h00
MNAC – Museu do Chiado (Sala Polivalente)
Bilhetes à venda na loja de discos Flur por 5 euros

www.filhounico.com/programacao.html
www.myspace.com/aquaparque
www.myspace.com/gavinrussom


CR

Carlos Reis disse...

GAVIN RUSSOM. SOM E ESPAÇO

Uma das figuras–chave da música electrónica e da cultura psicadélica da primeira década deste milénio, num ano que se perspectiva enorme.

Uma sala, um P.A., um público, um sinal – som e espaço. Dois universos intrinsecamente ligados à música, raras vezes interiorizados e manuseados com tanta ciência e carinho como por Gavin Russom. Construtor de sintetizadores e parafernália electrónica, escultor, profeta do cósmico e do estelar, focado em desenhar aquilo a que soam “as sensações quando estados psicológicos e espaços físicos interagem”.

O mundo começa a dar pela sua presença com o primeiro lançamento para uma DFA que, à época, acabava de se mostrar ao mundo com singles clássicos de LCD Soundsystem, The Rapture e a obra-prima de uma coisa ainda hoje sem nome que é ‘Beaches & Canyons’, dos Black Dice. ‘El Monte’, esse primeiro 12” de Delia Gonzalez (sua colaboradora de longa data) & Gavin Russom, bem como o LP que se seguiu, ‘Days of Mars’, tornaram-se de imediato dois marcos da electrónica e psicadélica desta década. Ajudaram de forma fundamental a influenciar e afirmar o ideário cósmico no panorama da produção de música de dança actual, trabalhando os ensinamentos dos mestres do kraut de como alcançar as estrelas através do som. Se hoje o cosmic disco, a op art imprópria para epilépticos ou o ideário new age são enormes espaços de criação artística em vários domínios, responsabilidade devida a Russom.

Construindo o seu vocabulário através de máquinas que ele mesmo fabrica, pode moldar o som desde o primeiro momento até à arquitectura final das suas peças com controlo absoluto em todos os processos. Génio do impacto acústico no corpo e no espaço, ajudou a montar o estúdio Plantain da DFA, para além de ter construído uma parte fundamental do arsenal sónico utilizado pelos Black Dice. Para os seus registos, a definição, textura e poder sonoros são avassaladores. Camadas e camadas de sintetizadores como fractais a aparecerem, a sobreporem-se, a desaparecerem, em constantes fugas e aproximações ao infinito, num corpo acústico indomável, de graves imponentes e leads radiantes.

É música para a pista de dança que pode existir na cabeça de cada um de nós, se para aí estivermos virados e para aí quisermos viajar. Contudo, terá havido sempre uma curiosidade de provavelmente todos os que alguma vez escutaram estas faixas, de como seria se houvesse um kick e um beat a comandá-las a pulso para o céu.

Russom, depois de anos sem dar o 4/4 que põe o universo a rodopiar, acaba de o deixar cair com a maior autoridade e feeling. Caso em questão a recente remistura para ‘Oasis’ de Petar Dundov, um exercício monumental em progressivo e ascese através de sintetizadores modulares, para quem sempre quis que o trance tivesse bom gosto e que o techno tivesse nascido de uma explosão meteórica.

Após alguns anos discretos no campo da edição, 2009 prevê-se um ano com elevado ritmo de produção para Russom (e com kick drums). Está planeado um lançamento em nome próprio, bem como o primeiro de uma série de três 12” enquanto Black Meteoric Star, tudo sempre na DFA. Este último um projecto seu a solo inteiramente dedicado a uma revisitação, actualização e progressão do acid house, género com o qual contacta desde os primeiros anos da TRAX, cujas faixas começam a aparecer aqui e ali em sets. ‘Death Tunnel’, uma delas, é hino instantâneo, acid de 2009 para 2009 voar como ninguém voou antes, enquanto outra, ‘World Eater’, é puro jack para astronautas sem truques. Os três maxis terão artwork do próprio Gavin, cada um deles acompanhado com posters que fazem parte de uma série de objectos com intuitos sinestésicos – o som são as imagens são o som.

Numa entrevista em Junho para a ‘Fact Magazine’, Russom falava que “a pista de dança é um espaço muito importante na paisagem cultural”. Para quem o ouve, é uma bênção que tenha tido o chamamento destes 4/4 caídos do céu. Seja a nossa pista de dança uma da mente ou a do beat marcado, este será o ano em que Gavin Russom traz o espaço para a pista para nos levar para o espaço outra vez. É um privilégio poder vê-lo descolar.

Pedro Gomes in ‘Lux Frágil’


CR